Paisagens
Desafeto que era de técnicas de redação amplamente difundidas, se negava a iniciar seu texto com descrições. As achava desnecessárias para a compreensão da essência. Tinha idéias e mais idéias sobre os dias que passaram e os dias que viriam. Naufragava em divagações infinitas sobre absolutamente todas suas escolhas e sobre o quanto ele sabia agora não ter controle sobre elas. Escolhera um dia amar, não porque queria, mas porque conhecera uma pessoa tão especial, que a sua escolha era praticamente inócua frente à irrefreabilidade do sentimento. Escolhera um dia deixá-la, não porque queria de fato, mas porque o amor se fora. Ela se fora. Percebia que podíamos escolher nas bifurcações de uma estrada, qual lado tomar, mas jamais escolher as bifurcações que poderíamos encontrar. E com isso se embebia levemente em uma taça de vinho. Deixava alçar vôo todos seus devaneios profundos sobre absolutamente tudo que não entendia.
Era ele ou era ela. Era você ou era eu. Estava sentado confortavelmente em pôr-de-sol em uma praia acolhedora ou perdido em um deserto opressor. Tinha não mais que 6 anos. Ou que 60. Qual a diferença, se o contexto não estabelece o âmago de tudo que pensamos, sentimos ou de tudo que sofremos. O que de mais interessante temos a oferecer se esconde no inexplorado mistério da mente e não na morna ou gélida paisagem que nos envolve. Não somos frutos do meio, mas do frutos do cerne, das idéias, da interpretação, das loucuras e da calmaria que permeia cada átomo do interior. Somos o resultado do que percebemos e não do que realmente é. Se buscamos a verdade, só em nós mesmos a encontraremos. Cada um tem a sua, cada um vive com a sua, buscando compatibilidade externa onde não há. Nos tornamos fadados a uma solidão eterna de negação de nós mesmos, buscando aceitação, solidariedade e amor.
Era ele ou era ela. Era você ou era eu. Estava sentado confortavelmente em pôr-de-sol em uma praia acolhedora ou perdido em um deserto opressor. Tinha não mais que 6 anos. Ou que 60. Qual a diferença, se o contexto não estabelece o âmago de tudo que pensamos, sentimos ou de tudo que sofremos. O que de mais interessante temos a oferecer se esconde no inexplorado mistério da mente e não na morna ou gélida paisagem que nos envolve. Não somos frutos do meio, mas do frutos do cerne, das idéias, da interpretação, das loucuras e da calmaria que permeia cada átomo do interior. Somos o resultado do que percebemos e não do que realmente é. Se buscamos a verdade, só em nós mesmos a encontraremos. Cada um tem a sua, cada um vive com a sua, buscando compatibilidade externa onde não há. Nos tornamos fadados a uma solidão eterna de negação de nós mesmos, buscando aceitação, solidariedade e amor.
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