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Mostrando postagens de dezembro, 2008

Sobre o que se sente

2 horas da manhã e uma infinidade de sonhos despertos. Recheado de uma esperança que perambula pelos limites da razão e da magia infantil, toma sua caneta e se põe a escrever. 10 mil milhas de solidão, 10 mil anos de um coração partido se desmanchando sobre uma folha de papel. E nada. Remete seu sentimento aos mais incríveis e épicos contos, mas as palavras que lhe saem são medíocres e incapaz de conduzir o mais sensível leitor a qualquer coisa que não a ampla indiferença. Sentimento que transborda, que jorra em cada ato seu. E da ponta da caneta, nada. Transtorna-se em tal incapacidade. Embriaga-se. Dorme. Desperta. Vive angústia de um amor que lhe consome em cada simples gesto e que jamais será transmitido, morrerá um pouco a cada dia (como há de ocorrer com qualquer amor) e será definitivamente esquecido, apagado, desimportante. Gerações e gerações virão e amores triviais serão comparados àqueles diferentes, grandes, majestosos, pela total inabilidade do amante em transmitir pela p

Sobre a(s) Figura(s) Divina(s)

Deus. Deuses. Em capitais apenas por principiarem sentenças, refiro-me às figuras divinas às quais a humanidade recorre ininterruptamente em desespero solene. Ícones diminuídos, já não onipotentes, representativas dos limites cognitivos conhecidos. Explico: séculos atrás, milênios, os deuses responsáveis por tudo eram. Deuses da chuva, da colheita, do sexo, do amor, deuses parciais, deuses supremos. Desde os primórdios são eles os baluartes do desconhecido, do inexplicado, da preguiça mental. Mentes inquietas, insatisfeitas empurraram e derrubaram dogmas avançando nos mais diversos campos das ciências naturais a partir dos primeiros desenvolvimentos da filosofia organizada como manifesto social. A infantilidade sublime de perguntar "mas por quê?" e de não aceitar a explicação mais fácil, mais poética, mais promissora. A vontade de saber, de aprender e gerar conhecimento é também a busca infindável pelo desalento, pela materialidade da vida. Em poucas décadas descobrimos que a