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Mostrando postagens de fevereiro, 2008

Sal

Boca salgada, manhã agitada, mente dispersa, não lembro de nada. Me perguntaram hoje: "Qual o sentido da vida pra ti?"... Respondi que não tem. O que me espanta a esta altura do campeonato é a cara de surpresa de algumas pessoas quando dou essa resposta. Sério, nenhuma esperança. Deus queira que eu esteja errado. Mas não acredito em deuses. E todos sabem disso. Mas tudo bem, não vou discutir o sentido de coisa alguma. Nem do trânsito inglês. Não me importa. Também me questionaram hoje sobre a incoerência entre meu planejamento para o futuro e a insígnia que eu trago no braço direito (o membro, não o ajudante fiel). Carpe diem, aliás. Oras, viver o momento não exclui o valor de objetivos maiores. Vive-se o agora intensamente, mas com foco na construção do todo, seja lá o que o "todo" signifique, ficando claro, daí, a total congruência existente entre meu lema incrustado na pele e meus macro-desejos. Mas isso são respostas e argumentações que só interessam a mim. Apag

Onde os Fracos Não têm Vez

No country for old men. Sério, vejam o filme antes de bolar um título em português. Ou dizer "velhos" é politicamente incorreto? Então que fosse "Onde as Pessoas da melhor idade não têm vez". Pior é fazer essa associação entre velhos e fracos quando a temática do filme CLARAMENTE trata de questões humanístico-temporais. Mas sério, não gostei da obra. O que é bom. É melhor o desgosto que a indiferença. Pelo menos em alguns casos. A idéia da película é até interessante, o que não dá pra suportar é a pretensão dos diretores - que são geniais, aliás - de produzir arte clássica. O clássico não se monta, vira clássico. Peer review, mate, keep that in mind. Não faça as coisas pra posteridade, faça pra ti mesmo, faça porque é bacana. Se gostarem, oh yeah baby, se não gostarem, move on. Senão deixa de ser arte. Coisas no ar e tomadas totalmente não-ortodoxas são uma máxima no filme de título mal traduzido. Mas não sei se acertam no ponto. Javier Bardem muito bem no filme, al

O Esquecimento

Da sua janela podia ver o mundo. Não era um grande mundo, é verdade. Uma rua, algumas casas podres por dentro e reluzentes por fora, outras perdidas do direito e do avesso. Ao lado, um muro cinza que encobria as traquinagens da meninada e tinha há dias uma escada parada em frente. Wolfgang, para não ficar sem nome o velho observador. Austríaco, veterano de algumas guerras, a maioria pessoais, uma mundial. O homem tem em seus retratos o refúgio da saudade e ao contemplar seu passado, este europeu se assegurava não saber quem era. Quantas cidades, quantos medos, quantos amores mentira ter conhecido. Acreditava ser um assassino, mas as medalhas na parede o proclamavam herói. - Herói da vilania - murmurava o velho em meio a baforadas imaginárias de um cachimbo há muito vazio. Sair de casa era um luxo do qual Wolfgang preferia não desfrutar, preferindo não correr o risco de voltar a se sentir humano. Há anos não comia, não respirava e não piscava. Mirar as almas perdidas na rua era o que sa

O Muro

Havia muito tempo que Thomas passava pelo muro. Estava lá, separando o mundo de um terreno inerte. O muro, não Thomas. - Puta espaço pros MST invadir - dizia Thomas a seus vizinhos. De fato, por detrás do concreto não havia nada senão os sonhos dos desocupados de construir um estacionamento, supermercado ou lava-rápido. Mas Thomas acreditava que eram somente planos de mesa de bar. Dentro do terreno nosso personagem construíra boa parte de sua história infantil. Perdera sua virgindade, quando do seu estupro pelo tio, fumara maconha pela primeira e subsequentes vezes, provara da heroína, matara seu primeiro gato e seu terceiro homem, violentara uma colegial antes de sufocá-la e vira as estrelas que o puseram a sonhar com a paz. Mas a bem da verdade, o muro era alto. Uns 4 metros talvez, e não fosse por um buraco no canto, jamais alguém haveria entrado no dito terreno para o bem ou para o mal. E numa noite, talvez pelo efeito das drogas, talvez pelo do álcool, Thomas decidiu que entraria

A Ira

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Aceito então este vil inferno como lar das minhas desonrosas escolhas por falta de opção! Tomo um gole da minha felicidade comprada e sigo a soterrar emoções no meu abismo cerebral. Afaste-se daquele que tudo teme e tem seu passado como exemplo mórbido de momentos inacabados e prontos para serem alvo de um escritor fracassado em busca de efêmera e intragável fama. Sei que o ar soturno nos meus olhos te impede de se apaixonar, mas os amores que vivi e que ambos desconhecemos na sua integridade foram o suf

Conto em alta velocidade

Eu. Uma idéia. Sei. Não sei. A idéia. Eu. Um fim. Uma luz. A cegueira. O estupor. O esquecimento. Saia. Vestido. Entre. As Linhas. Vermelho. Opaco. Ao fundo. O começo. A idéia. E eu? E você? Não entrou na história. No fim. Quem sabe? Sim. Sim. Sim. Mas até quando? Desenrolar. O fio. A fia. Afia. Navalha. Barba? Sem sentido. Contramão. Stop! Não obedece. E é seu fim. Meu fim. Teu fim. Fim

Conto curto I

Sempre à espreita esse tal de livre arbítrio. Me remoendo com a tortura das escolhas. Não quero. Não vou. Não sou. Como um vento encantado ou um unicórnio rosa. Coisas que eu não acredito, mas que estão lá. Me esperando, aguardando minha decisão. Não posso. Não decido. Não existo. Me tranco. Não penso. Penso não pensar. Desisto. Recomeço. Anseio. Esqueço. Termino. Não me lembro. Não me acho. Não sei. Medo. Frio. Conhecimento. Escolhas, escolhas, escolhas. Direita ou esquerda? Sim ou não? Indecente. Não escolho e não renuncio. Levo adiante. Paro. Hesito infinitamente. Escolha por mim. Viva por mim. Sofra por mim. Sofro sozinho. Mas poderia sofrer mais. Poderia sofrer menos. Poderia não sofrer. Poderia só sofrer. Me falta ar. Acendo um cigarro. Tomo um gole. Saio do bar. Não tenho casa pra voltar. Não volto. Vejo uma luz no céu. Não é o tal deus. Não sou paspalho. É uma lâmpada. Ela cai. Eu morro. Não escolhi. Maldito arbítrio.

MiniConto II

Vendo almas. Por alguns trocados. Por alguns segundos. Sem que elas vejam nada.

MiniConto I

Sala, sofá, tristeza. Algumas memórias penduradas na parede, algumas lembranças na lata de lixo. Em mim nada, sou vazio.

Being John Biravich

Inicia-se com um post ilustrativo da minha pessoa. Parece coerente, ainda que eu não o seja. Tenho hoje 24 anos, não que isso importe. Não acredito em muita coisa, praticamente em nada. Podem me chamar de niilista, mas não acredito nesse tipo de enquadramento. Sou pró-individualidade, for whatever that means. Sou um homem da ciência, mas jamais convencionalista. Não posso crer que "lemos" a natureza e os seus fenômenos, apenas que damos respostas que satisfaçam nossos interesses. Adoro Led Zeppelin, mas acho uma bobagem eles voltarem a tocar juntos. Gosto do que é original. Gosto da cerveja Original, mas ela não me encanta. É como a maior parte das mulheres que me envolvi na vida. As gosto, mas elas não são mais do que recortes no emaranhado dadaísta das minhas memórias. Não sou presunçoso, sou realista. Não me acho o bom, mas me gosto, pelo menos boa parte do tempo. No resto, sou um desiludido...acho que a vida não tem a graça que eu supunha ter quando tinha menos idade. Ach