Conto curto I

Sempre à espreita esse tal de livre arbítrio. Me remoendo com a tortura das escolhas. Não quero. Não vou. Não sou.

Como um vento encantado ou um unicórnio rosa. Coisas que eu não acredito, mas que estão lá. Me esperando, aguardando minha decisão. Não posso. Não decido. Não existo.

Me tranco. Não penso. Penso não pensar. Desisto. Recomeço. Anseio. Esqueço. Termino. Não me lembro. Não me acho. Não sei.

Medo. Frio. Conhecimento. Escolhas, escolhas, escolhas. Direita ou esquerda? Sim ou não?

Indecente. Não escolho e não renuncio. Levo adiante. Paro. Hesito infinitamente. Escolha por mim. Viva por mim. Sofra por mim.

Sofro sozinho. Mas poderia sofrer mais. Poderia sofrer menos. Poderia não sofrer. Poderia só sofrer.

Me falta ar. Acendo um cigarro. Tomo um gole. Saio do bar.

Não tenho casa pra voltar. Não volto. Vejo uma luz no céu. Não é o tal deus. Não sou paspalho. É uma lâmpada. Ela cai. Eu morro. Não escolhi. Maldito arbítrio.

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