Chega!

Minha vida acaba aqui. De agora em diante eu existo apenas e nada mais. Eu não tenho vida e nunca tive ou ao menos nunca deveria ter tido. Tudo que eu fiz até agora foi um desenvolvimento completo de erros um atrás do outro e chega disso, não quero mais tomar decisões ou me envolver com alguém. A mim me basta a mim mesmo porque é inevitável. Tudo que eu tenho é a incapacidade de ser alguma coisa. A incapacidade de ser feliz e daí vêm todas minhas críticas à felicidade. Incapacidade de ser humano o que me leva a criticar a tudo e a todos ao meu redor. Eu queria ser o fim e terminar logo, mas tudo continua se repetindo dia após dias, vez após vez, segundo após segundo e nunca acaba. Eu desisto e ao desistir eu desisto de tudo e de mim mesmo. Desisto de tentar explicar o caos deprimente que afunda meus pensamentos, sentimentos e tudo o mais. Eu estou fadado a existir nesta infinita miséria na qual me encerro. Tu dizes que me ama e eu te admiro por ao menos saber o que é o amor. Eu descobri que não sei, quiçá jamais saberei entender este sentimento que faz a raça humana uma espécie tão admirável.

Eu vou voltar da Europa assim que eu puder. Eu não posso mais ficar aqui e o que me tortura é que não acredito que possa ficar em qualquer lugar. Eu perdi tudo o que eu achei que tinha, minhas idéias, meus pensamentos, amor, ódio, nem sequer fraqueza eu sinto. Nem acho que tristeza seja uma palavra que possa explicar qualquer coisa. Eu estou em desespero total e completo como nem em um momento da minha vida antes. Eu sou um emaranhado de arrependimento e desesperança. Eu sou a mais miserável alma que jamais habitou este planeta. Não pela dor que sinto, mas pela minha total incapacidade de lidar com ela. Desesperança. Desesperança. Desesperança.

É toda a infelicidade que perpetra por cada milímetro do meu corpo. Esta expectativa tremenda de que tudo acabe e acabe o mais breve possível. Eu não espero e odiaria saber que teria vida eterna no inferno, no céu ou onde quer que seja. Eu quero que quando toda esta desgraça que chamamos de vida, fique por aí e seja o ponto final no insuportável sofrimento que tenho. Eu não tenho mais um sorriso a oferecer. Eu não tenho mais alegria ou gratidão por estar vivo. Queria eu ser nada mais que uma pluma ao vento, sem expectativas, sem consciência, sem nada. No nada se extingue o que eu sou, o que eu poderia ser, o que fui e tudo o mais. No nada eu me confundo ao meu próprio entorno, me somando à nulidade sublime que se oferece como uma possibilidade de soberba inexistência.

Termino com o que comecei, dando sentido ao movimento cíclico de toda esta triste história que é o verbo "ser". De forma que minha vida termina aqui.*

Num ponto final tão simples de traçar e que sou incapaz de dar à minha vida.

Comentários

Anônimo disse…
ultimo comentario: so o jovem werther morreu de amor

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