Não é algo frequente


Não é algo frequente, de nenhuma forma corriqueiro, mas vez ou outra, sem que haja muita explicação, me surge um desejo irrefreável de saber se você pensa em mim. Se você ainda pensa em mim. Não questiono se fui relevante em algum momento de sua vida, creio que fui, mas me pergunto se algo permanece. Sabe, você foi a mulher perfeita, indefectível, alguém que voltou a invadir meus sonhos na noite passada. Eu não te tive em realidade, e talvez esta seja a única forma pura de paixão e de amor. Uma construção toda minha, fundada em alguns traços que você me ofereceu. Tal qual a modelo que posa para um lindo quadro, você foi a obra-prima da minha idealização do ser feminino, da totalidade de um sentimento. Eu te abracei e te beijei, casamos, envelhecemos juntos. O fizemos de diversas maneiras, em tantos lugares e com tantas nuances que poderiam preencher calhamaços infindáveis de páginas dedicadas à eternidade de um sentimento nunca consumido em sua plenitude. Eu te vejo caminhar na rua, provavelmente não me reconhecerias se pudesses me avistar. Talvez sequer seja você, quiçá uma sombra ou um desejo. Nada meu a teu respeito é reprimido, é tudo pleno e etéreo. Será a única forma de amar ter o amor sem forma, intangível, espiritual? Ou será tudo isso um devaneio oriundo da frustração que me assola, que em tantas maneiras me definiu como indivíduo? Eu não posso pedir para que lembres de mim, apenas não me esqueça.

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