Estupro Emocional

Nunca havia passado o que acabei de vivenciar. Escutei na íntegra pela versão da sinfônica de Londres a nona sinfonia de Beethoven. Herr Ludwig Van.

Foi um ataque, uma afronta a qualquer sentimento terreno que eu já tenha sentido. Havia anos que não chorava copiosamente. Chorei. E chorei por absolutamente nenhum motivo senão cada nota, cada acorde, cada canto desta obra. Chorei sem ter como segurar. Pulei, chutei, soquei, babei.

Somente surdo um homem seria capaz de compor tal tipo de arte. Soemnte um cego seria capaz de pintar a beleza mais agressiva e perfeita, por não ser tomado por sentimentos conscientes quando da construção. Da mesma forma, só Beethoven sem poder ouvir poderia compor um ataque tão majestoso à existência humana, tão óbvia, tão pueril, tão preocupada com coisas mesquinhas.

Sublime. Soberbo. Palavras que descrevem coisas não se aplicam a este caso. Realmente, este é um caso em que não há palavras para explicar. Não há o que dizer.

Não acredito em Deus ou em paraíso. Mas não estava neste planeta. Senti uma energia que nunca havia sentido antes. Senti um fio de eternidade passar por mim. Senti alegria, tristeza, ódio, amor, paixão, repulsa, compaixão, amizade, felicidade, raiva, ira, saudades, medo, coragem, dor, prazer, senti tudo. Tudo em um turbilhão de emoções que me estupraram emocionalmente. Vivi uma hora do mais puro êxtase e confusão.

Não sei se agradeço por isso ou se rejeito tudo que vivi. Não sei de mais nada.

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