Sobre Copas do Mundo

A derrota para a França nas quartas-de-final desta Copa do Mundo na Alemanha foi uma das maiores vitórias que eu pude presenciar para o futebol brasileiro. Logicamente eu não me refiro àquelas colocações entoadas nas esquinas de qualquer capital nacional de que "com o Cafu não dava mais" ou "tem uns velhos ali que tavam na hora de sair". Fodam-se esses lugares comuns, não acho que diretamente este resultado possa ser positivo ao nosso futebol.

Mas é inegável que um peso gigantesco saiu das minhas costas nesta sentimentalmente gélida tarde de 1o de Julho. Há algo em torno de 8 anos eu escutava que a Copa de 1998 havia sido vendida. Que algo de "estranho havia acontecido naquele dia" . Eu nunca acreditei nisto, mas as vozes eram constantes e a minha convicção não existia. Pouco importava que o time francês tivesse ganho a Eurocopa dois anos mais tarde, a terra outrora descoberta por Cabral vendera o orgulho máximo da nação.

Aí veio a campanha patética do território franco em 2002 e o título tupiniquim no continente oriental. E logo contra a Alemanha, dona da casa do mundial seguinte, o que se apresenta agora para 4 bilhões de corações (ao contrário do nome do filme, não são Todos os Corações do Mundo, mas quase isso). Ganhamos. Não obstante, esperava-se uma revanche em Berlim neste dia 9. E graças a Deus, ela não ocorrerá.

Daí a minha felicidade. Vou enumerá-la em pontos porque ela é bastante objetiva, uma vez que emocionalmente me molho em lágrimas de tristeza:

1 - Ficou provado que o Brasil PERDEU em 1998, com letras capitais. A França era e continua sendo melhor mesmo e o Zidane é o maior jogador de futebol que já pisou em gramados desde o Maradona.

2 - Não haverá final Brasil x Alemanha, e isso resgata minha confiança de que este torneio, que é o maior espetáculo do planeta, não pode ser comprado, nunca poderá ser comprado e só merece levantar a taça aquela equipe que suar sangue e dedicar a vida a este objetivo.

Desta forma eu posso ver tranquilo os mundiais daqui pra frente sem ter a suspeita de que a Nike acertou tudo antecipadamente.

Mas, e concluindo, ouçam só o hino da França, La Marseillese. Como poderíamos ganhar deles? Um hino que exalta a união , a luta e o senso de cidadania de seu povo , em oposição ao canto do Ipiranga que enaltece os princípios históricos da politicagem brasileira e as belezas naturais da nação (como se elas por si próprias representassem uma Pátria). Os franceses lutaram em campo por seu povo, pela sua sobrevivência e sucesso. Os brasileiros lutaram pelos recordes e aquisições pessoais, individuais e intransferíveis a qualquer compatriota.

Levando-se em conta os distintos objetivos almejados, ambos obtiveram êxito em suas jornadas. Sob este ponto de vista, o Brasil ganhou. Não o país, mas o time verde-amarelo que usufrui da "marca" que de 4 em 4 anos chamamos de nação.

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